segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Como pode um peixe vivo viver fora da lagoa? Ou curioso caso de um amor sem fim.

Como o sol desponta no horizonte e continua a iluminar a lua?

As estrelas que saltam céu abaixo, todos os dias, como continuam a se multiplicar?

Os amantes que tanto se entregam, que muito relevam, que sofrem injúrias,
com seus corações partidos, como podem ainda amar?

Os leões, valentões, charlatões, milionários e trabalhadores em seus serões. 

As leoas, gatunas, gatinhas, sereias, dondócas, mulheres de todas as classes, das mais elegantes às desajeitadas. 

Todas amaram e foram amadas
Todos temeram o desconhecido, o sentimento ardido que invade o pensar. 
Foram todos os corações feridos, arranhados, comovidos e ainda assim tornaram a se enamorar. 

Como pode diante de antiga lembrança tanto sentimento se movimentar? 
Comover, despertar...

Me olha, 
Te olho
Sorrimos, abraços de laço apertado, respirado, profundo e desconfiado.
Te olho
Me olha

Como pode tanto tempo ter passado e num momento abreviado tais temidos tremores, suspirados desejos, frio e calor, tanto amor...como pode com tantos acontecimentos, com nosso envelhecimento ainda haver esse palpitar?

Como um novo amor desponta no horizonte e os antigos continuam a brilhar?

domingo, 28 de novembro de 2010

Com tempo para olhar

Espaço para sorrir,
espaço para chorar


Elementar
Água
Terra
Ar

Fogo, 
no olhar
Éter, 
contemplar
...






Londrina
 novembro 2010

Camonice às avessas - para os poetas do romantismo

A poesia da saudade está em sua própria morte,
posto que é no mundo a que mais vezes renasce.
Saudade que não se pode matar é dor, que desatina sem doer,
posto que amar é agir por bem querer.
Saudade de amor que não há como reviver,
esta sim é fogo que arde sem se ver.


Quanto amor morando em mim...Para os meus amigos, parte das mais lindas do que eu mesma tenho me tornado.

Há pouco uma estrela jogou-se constelação abaixo diante dos meus olhos, de repente, como fosse comum fazerem isso urbanamente, durante um olhar distraído, do alto de um arranha-céu, sacada virou balcão de Rapunzel, Julieta e outras tantas sonhadoras.
Nessa noite de lua quarto minguante, cor de fogo, recostada no horizonte, retive no pensamento do instante alegria intensa das que brilham na pele por dias a fio. 
Enquanto o astro luminoso riscava o azul encarnado, desejei ardentemente a desnecessidade do desejar outra coisa, que não o próprio momento, o presente, exatamente ali quis estar, admirando aquela estrela cadente em companhia de olhares outros, de amigos assim, preciosos, de precisa delicadeza nas relações, raros como estrela cadente urbana, cultivados como flor exótica de perfume suave e cor adocicada, a estes, preservo lugar no quarto mais aconchegante do Coração.
Minha juventude bem saboreada, faz hoje presente boa dose de amigos raros, amores intensos e lugares encantados...boa quantia de relações de beleza extrema, um tesouro de valor incontável, afetividade eterna, enraizada, que distância nenhuma desfaz. 
Há um lugar, não lugar, dentro de mim, no qual passeiam as coisas inexplicáveis, 'inteorizáveis', um lugar dos mais encantados, nele mora o saber amar. 
Dele brotam os dias felizes, os amigos constantes, os amores eternos e o fogo que salta do olhar a cada dia em que nasce um novo sol. 


sábado, 27 de novembro de 2010

Tempo presente

Dois tempos
Um de saudade
Um de contentamento
Quando pouco
Quando muito
Vez em quando
Ao mesmo tempo 
Enquanto um tempo voa
um outro leva a eternidade para revelar o próximo sol nascente…

Refúgio londrinense em 26/11/2010



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ressonância nua

Imagens ecoam na melodia dos pensamentos
sentidos transparentes
diálogo entre movimentos
...
As sonoridades do teu corpo em ressonância com o meu.





Ensaio sobre a memória das sensibilidades e sua sonoridade



 



Desenhos: grafite sobre sulfite e interferências fotográficas -  por Ana Rocha em 24 de novembro de 2010.





terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre asas, flores e a existência do infinito.

Encontrando corações no céu,
enamorada do modo mais suave que já se viu,
sentimento intenso, alegre e libertador,
afetividade cultivada com primor.


Amor?
Sujeitobjetosistematizado,
verbo eximido, texto dispensado,
o combinado é ser feliz.

Verso você no pensamento, a todo momento.

Nos vãos de um afazer a outro…
Persiste.
Nas vírgulas, entreatos, movimentos…
Estás.
Nas pausas, respiros, reflexões…
Derivas.


Mergulho, entrelinhas, poesias teatrais,
Resisto assim, um instante mais, um dia e outro e outro…


Quanto mede o tempo pra que eu possa te tocar?
Ouço agora o silêncio da lua gorda e um sonoro temporal,


Revelo à noite galopante este lúcido desejo de estar perto de você…

A Lebre branca

bric-à-brac
revelações pequeninas
lebres de nuvens
nuvens de algodão
olhares da menina
que desvenda o coração.


Sinsinsalabim
misteriosa emoção
acariciar o céu
plantar os pés no chão
vaguear como deleite
aprazer como razão.



Londrina em tarde de segunda-feira dominical.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Delicadamente

Cai a noite mansa e delicadamente bem como saudade antiga, delicadamente permanece enquanto outras começam a nascer.



Estrada de ontem, Campinas-Limeira

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Se tem luar no céu…


O céu sempre surpreende com encanto, as pessoas, vez ou outra fazem riso, fazem mais é pranto,entretanto, se ocasionam pequeno agradável espanto…ah…que doçura no instante se faz reverberar...


Esta é a lua de há poucos instantes, daqui de perto onde estou a trabalhar…

Campinas, 17/11/10 às 19:14

domingo, 14 de novembro de 2010

Na beira da janela da estrada, uma lua enamorada.


Campinas-Limeira, o céu deste instante.

Oração para santa Sininha do poema encaixotado

Lirismo nosso que estais sob véus,
irradiado seja vosso lúmen,
brote de nós vossa delicadeza,
poetizai nossas desavenças,
fazei de cada instante bela florada.

O céu nosso de cada dia revelai hoje,
semeai sua infinitude de estrelas
assim como nós semeamos o desejo de alcançá-las,
nos motiveis a cair em contemplação
e a aprender a voar, amém.

(use com moderação, lembre-se: "cabeça no céu e pés no chão".)

sábado, 13 de novembro de 2010

2 rodas, longa estrada e o cair da noite. 

Decidi viver, sai para resolver coisas de adultos, fazer documentações, emplacamento, abastecer e colocar à prova um certo resquício de apego emotivo que nasceu quando eu ainda era bem pequenina. 
Quatro paradas para pedir informações e chego ao lugar indicado pelo Detran, empurrando a Kansas por dois metros na contramão de uma ruela vazia, 17:02 marcavam os ponteiros inimigos, sim, como sabemos, estes estabelecimentos burocráticos encerram seu dia às 17h.
Inspiro, ajeito os cabelos espalhados pelo capacete há pouco retirado, coloco um bom sorriso amistoso no rosto e continuo caminhando em direção ao senhor que acabava de fechar o portão: - Me diga que cheguei em tempo? - silêncio e cara de quem esperava uma reclamação, outros três que por ali trabalhavam, assistindo à cena, três segundos e todos consentem com sorriso e simpatia...bom humor e boa educação são ferramentas poderosas…tá bom que um rostinho delicado deve ajudar também. :)
Fim da primeira etapa, emplacada! Mais uma informação e sigo avante, algum tempo depois percebo estar no sentido errado da rodovia, retorno não existe, encaro e continuo, direção oposta...duas horas depois, entro em Sao Paulo e inicio o caminho de volta..,
Três horas de viagem, leve hipotermia, tremula, cansada, sozinha entre gigantes kamicasinhoneiros, o sol gostoso do fim de tarde se foi há algum tempo, um músculo fisga na escápula direita, respiro fundo, derreto internamente, sinto dissolver o ponto tenso das costas e a musculatura toda das coxas, depois de um segundo sem pensamento, questiono quantas horas  mais ainda terei de estrada. 
Atenção intensa, retrovisores, ponto cego, luz alta, ultrapassagem, placas, saídas, entradas, distâncias…mãos dormentes, pingos de água caindo minúsculos, céu abaixo…avisto 48km…
Quatro horas de estrada, eu, a Kansas, o monstro lírico que mora em mim e seu espirito aventureiro, instigado por acasos de informações desencontradas, caminhos novos e desconhecidos, uma vontade imensa de reviver sensações que nunca sairão da memória, de andar de moto com papai por dias e dias e jamais me cansar...
Dissolvi todo o apego a essa emoção, parece que era o que faltava, pra de fato seguir em frente, obrigada papai, pelo espirito aventureiro que plantou em mim, ele me faz feliz!
Duas rodas, longa estrada e o cair da noite, espreguiço e lá está ela sorrindo escancarada com seus lábios de lua iluminados...dizendo, segue menina, que o presente é seu melhor amigo, o passado te protege e o futuro te chama, vai e continua assim, sabendo ser feliz, vivenciando o além mar de cada adversidade. 


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Me ajuda a olhar…

Hoje a lua me derreteu com seu sorriso...senti aquela vontade do menino dos 'abracos' a de pedir ajuda para olhar, olhar a dois, mas estava só, eu, a Kansas, uma longa estrada e o sorriso escancarado da lua...boa noite, queridos, espiem o céu antes de fechar os olhos. 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Declaração de quem te sonha todos os dias



Momento feliz = conjunto de instantes alegres que tenho vivido, muitos deles com você, o que vai no coração agora não tem nome, tem brilho nos olhos, sorriso no rosto e serenidade nas ações, que dizem muito mais.


Como se houvesse aqui mesmo uma eternidade.

Decidi viver, fui caminhar diante do horizonte alto do lugar onde eu moro, nessa paisagem submerge um outro universo e uma entrada para o templo interior. Atravessei a margem densa do concreto, escorregando suave para dentro do meu coração. Passeei sob baixos galhos apinhados com flores amarelas e alí, um beija-flor a dar boas vindas, pousou diante dos meu olhos de modo que pudesse toca-lo, contive o impulso tátil, a intensidade do olhar era já suficiente.
Percebi o pulsar vibrante do mundo à minha volta nas asas insistentes do passarinho e o ritmo sereno da natureza interna, em seu pousar… por um instante, alheia e consciente a tudo, paradoxalmente, pertenci e estive autosuficiente, lapso, sem tempo ou espaço, em um não lugar…

Batendo as asas à velocidade da luz acompanho o pulso urbano dos acontecimentos e pousando duas vezes ao dia para o asseio do templo sagrado que habita em mim, vivo, como se houvesse aqui mesmo uma eternidade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um anjo entre.linhas



Um anjo, o homem alado, se encontra diante da palma de suas próprias mãos, com firmes punhos conduz seus dias entre os céus e a Terra,  navega entre a eternidade e o finito instante.

céu da estrada de hoje - Campinas/Limeira





sábado, 6 de novembro de 2010

É bom estar atenta aos próprios desejos,

perceber por onde vão os pensamentos,
que trilhas as sensações percorrem,
os impulsos aos quais o corpo quer se atirar.


São os sonhos de quando estamos acordados que se realizam.





sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Para ser grande, sê inteiro…Para ser livre, sê ético.

Há um tênue limite entre respeito e autorespeito, como quando a moça bonita caminha sobre a corda bamba, um tênue limite entre o céu e o precipício…mantenha-se firme, menina, atenta e confiante, passo a passo sobre o fio e tocará as nuvens.



"Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és. No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
porque alta vive"



Pessoa brinca com minhas emoções, pessoas também, a afetividade é uma séria eterna brincadeira…

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dia claro dentro da caixinha de pensar.

Acordei como um primeiro céu de primavera, que torna distante os pensamentos gelados da noite.
Lambi a brisa úmida da manhã, retida nos lábios, mirei a luz espelhada dos meus olhos refletidos nos vidros da janela, espreguicei um sorriso gostoso, sentindo a vida fresca circular do coração até as extremidades.
Debruçada sobre o peitoral das emoções presentes, comemorei os raios de sol desenhados entre as nuvens esparsas, agradeci aos abraços fraternos, aos cuidados dedicados, às boas intenções, desejei em dobro e retorno tudo o que tenho desejado por aí, bom sinal, os bons tempos dos últimos anos espelham meus pensamentos…quem sabe a semente que planta, não teme a colheita.