quinta-feira, 22 de julho de 2010

Na encruzilhada, com hora marcada.

Estou na  estrada amarela, percorrendo num cometa minha vida inteira, encontrando várias de mim sussurradas ao longe por vozes conhecidas, revendo 'eu outras', através de olhos estrelados, encharcados de fluidas lembranças. Estou pousada no ponteiro de um relógio grande, em que as horas demoram mais a percorrer o dia, carregada por um punhado de sentimentos contorcidos.

Passo as noites a fiar com tecidos antigos, desmanchando os pontos mal contados, desvelando os contos encantados, revelando sentimentos engavetados. Passo os dias tentando preencher um rascunho de mim, me procurando a cada passo, traçando a lápis os riscos pretendidos, as escolhas impostas, as pretensas opções.

Ir pelo caminho de azeviche, contentar me com cores inventadas, com flores de pétalas contadas, com nunca mais imensidão da madrugada, com horizonte de janela, com idéia comprada, tempo de relógio, comida empacotada, ameaça velada, vida amarrotada, cama, mesa, banho e amor com hora marcada.

Vagar à fina flor de inventados dias, vibrar com cores de energia, com flores arredias, com infinito adentro, com o que a vista não alcança, com invenções ao léu, sol nascente, alimento colhido, abraço apertado, instante vivido, rosto corado, leito, refeição, alma lavada e amor acontecido no amanhecer de qualquer dia.

"O que você faria se só te restasse esse dia?"

Com qual opção você ficaria?


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