segunda-feira, 30 de agosto de 2010

a.pó.crifa.esia - a história de quando eu nasci - para o papai.

póesia - heresia - pohe.i.resia - poeira de fantasia de um palhaço que morreu.


Caia uma estrela do meio do meu céu,
pousava na janela feito anjinho de papel,
falava que queria ter um corpo feito o meu,
chorava que gostava de poder me ouvir cantar,
queria orelhas e olhos de pretume de jabuticaba 'amarrom', 
boca pintada de rosa e pés de andar na terra.


Fiz massinha de brinquedo, arredondei e fiz um dedo,
dedão de pé, dois. Dedões de dois pés pequeninos.
Ninos não, Nina, dedões de pés de menina.
Fiz mais, fiz mãos, fiz barriguinha com furo de umbigo, um só, bem bonito,
ajeitei tudo miúdo, fiz um redondinho nariz e quando entrou o ar de respirar, 
nasceu um coração.


Inspirado na "história de quando eu nasci" de Fausto Rocha.


Para meu pai, que um dia esteve palhaço, esteve ator, esteve dramaturgo, que esteve sempre presente, mesmo quando distante, que me deixava ficar acordada enquanto escrevia nas madrugadas das máquinas de escrever, às voltas de seus papéis descartados, ficava eu a desenhar as poesias que ainda nem sabia ler, a ouvir as histórias do nosso universo, as histórias feitas para mim, para os palcos, para outros corações, as brincantes histórias do papai, que daqui uns dias aniversaria de estar estrela...aquela estrela, que ele sempre apontava e me dizia:



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