terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma casinha tão inha e um universo a contemplar

    Lembrada de uma flor tão linda que um dia admirei em uma das tantas casas que morei. A flor do maracujá, do Marajá, delicada, branca, amarelácea roxosa, de um subtil sublime desabrochar passifloráceo.
    Seo Marajazeiro (suprimido o c u pra dar nobreza) de tão forte, subiu no pé de limão e sufocou o coitadinho - vai ver Nhô Limoeiro não correspondeu às expectativas do apaixonado marajazeiro ou estava a flertar com a Cerola donzela de frutos vermelhos incansáveis de nascer - daí vai depender do que se prefere acreditar, mas retomando o fio do fato, tivemos que 'salvá' Nhô Limoeiro arrancando à força os galhos do Marajá, perdemos muitas flores quando isso aconteceu, Marajá morreu e depois nasceu de novo, assim como todo coração se refaz de qualquer coisa que se foi e não se sabe se volta um dia.
    É uma história sem fim, para mim, pois quando voltei à estrada, ambos floresciam ainda, cercados por pitangueiras, o pé d'a Cerola muito vivaz, pequenos arvoredos de arruda e alecrim, hortelãs esparramados e orquídeas tímidas - nasciam sempre escondidas entre os galhos mais altos das maiores árvores - e ainda uma feiosa moita de cidreira que de tão perfumada se tornava bela. 
    Como pequenos quadrados de terra cultivados em tão pequenino quintal dão espaço a tantas formas, tantas cores e perfumes, quantas espécies de tantos minúsculos seres e suas histórias de amor? Como com você e eu e os outros. As histórias de amor nunca se acabam. Era uma casinha tão inha e um universo a contemplar, me sentia com asas nestes dias da casinha branca e cachorros no quintal.


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