sábado, 4 de setembro de 2010

Cafunés na infância e pra toda a vida.

Passando a tarde com Vó Aninhas contando histórias, se alembrando do Alentejo, do mar, das cores das águas, das músicas que entoavam no navio enquanto atravessavam o mar, em 1952, ela, Antônio Rocha (o vô), a menina Dora (minha dinda) e Fausto (meu papai, ainda bebê). Diz ela, que quando saíram dos mares portugueses o mar virou dois, as águas se misturando iam mudando de cor...putz, que lindo deve ter sido.

Exato quando cruzaram fronteira, e isso foi anunciado, tocava uma música chamada Alentejo e ao desembarcarem no porto brasileiro, outra, chamada Coimbra. Haja memória incrustrada na pele, pelos sons das melodias, das águas, das multidões que vinham em busca do sonho de enrriquecer, do bebê ao colo que completára um mês de vida durante a viagem...memórias de sons coloridos, de dias a fio no embalançar das ondas, de discussões, arranca rabos, danças de salão, quartinhos apertados, luares alumiando um mar que não chegava nunca ao seu destino.


N'outro dia vó Aninhas me contava como fazian vinho e azeite em casa de Portugal, como o pai (meu bizô) Sr. Manuel Teixeira Picão construiu uma padaria no solárium da grande casa em que viviam, entre muitos irmãos e irmãs...faziam isso em casa, como hoje fazemos arroz.


As músicas de Alentejo resgataram mil histórias do bauzinho da vovó Aninhas (não sou eu não, é mina avó mesmo!) Ana de Jesus Teixeira Rocha...que vovó maravilhosa, essa, quantas boas histórias, quanta festa. Vovó, quando resolver de ir embora, como fez papai, vai ser uma ida de fazer tanta falta, que bom que vovó quer ficar, gosta de viver como ninguém, me ensina todos os dias que a vida é feita de amor, fé e trabalho...assim as dores ficam pequenas,  importam apenas o aconchego do lar, o abraço apertado de quem ama, o cafuné pra lembrar sempre da infância e uns sábios puxões de orelha pra ir adiante, sabendo ser feliz.


"Óh lampião da esquina, alumia rua abaixo, que eu perdi meu amor, na escuridão não acho."
 

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