sábado, 28 de novembro de 2009

Sobre asas e flores e sobre o querer.

Quero ter um par de asas que atravessem o tempo pra te oferecer um sorriso atemporal, desses que um canto de pássaro pela manhã retráz à memória. Quero acordar com mansidão e segurar o tempo entre as mãos pra olhar o sol no céu a brotar desapressado. Quero um dia você ao meu lado.

Entretanto, a manhã amanhece, olhos abertos, pés nos sapatos, saída pela direita, passos largos, chave, senha, luzes, janelas abertas, campainha, ...,  entrando no palco do cotidiano, em cena no espetáculo do dia que nasceu enquanto o tempo fugia de mim, ou eu fugidia do tempo.

[...]


O azul claro do céu se desvanece, me escapa aos olhos ao tornar-se breu, ..., e fez-se um dia que não vi passar, pelo qual corri passando as horas a planejar um outro dia que o tempo trará.

Quero ter um campo de flores que larguem pétalas de tantas cores ao vento, quero cheirar o sol, quero mo vi men to, quero o perfume inebriante dos jasmins, o vermelho escaldante das rosas, o encantador amarelo dos girassóis. Quero olhar nos olhos, falar baixinho, repirar profundo o ar do descampado. Quero um dia estar ao seu lado.


Todavia, a noite anoitece soturna, portas fechadas, pés descaços, roupas pela casa, um banho suave pra repousar do dia, ..., pensamentos aglomerados, fome, sono, desencanto e encantamento, um confrontar constante nos bastidores das faculdades da razão a julgar os impróprios atos de tanto querer e não realizar.




Nenhum comentário:

Postar um comentário